segunda-feira, 6 de julho de 2009

VYGOTSKY E ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

Na terceira oficina (10/06), foram trabalhados alguns tópicos de Vygotsky: desenvolvimento real, desenvolvimento potencial, Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) e mediação. É muito mais difícil ser um bom professor sem conhecer Vygotsky. Dois motivos para isso: (1) se quisermos ensinar, é realmente necessário termos, pelo menos, alguma noção sobre como os indivíduos aprendem e (2) as coordenadoras pedagógicas largam do pé do professor que conhece Vygotsky (eheheh).
De forma bem simples, podemos dizer que o desenvolvimento real é o nível de desenvolvimento em que o indivíduo se encontra num determinado momento. É observada a partir do que o aluno consegue fazer sozinho. É o conhecimento que o sujeito já conseguiu consolidar e que vai possibilitá-lo resolver situações de forma autônoma.
O processo cognitivo que gera o desenvolvimento real, mais consistente, gera também alguns conhecimentos menos seguros através dos quais, com a ajuda de alguém mais experiente, é possível realizarem-se tarefas mais complexas. Ou seja, o nível de desenvolvimento potencial é aquele em que o conhecimento e as habilidades estão ainda em processo, mas, com ajuda, o sujeito já consegue realizar dada atividade.
Assim, um aluno que ainda não construiu uma aprendizagem significativa da noção de frase, por exemplo, isto é, não tem a habilidade de construir sozinho uma frase escrita e bem formada (a frase não pertence a seu nível de desenvolvimento real) pode, com a ajuda do professor – ou de um colega mais experiente – fazê-lo (desenvolvimento potencial). Nem precisa dizer que esse aluno não teria condições de fazer um texto bem escrito (provavelmente, nem com ajuda). Isso significaria que a capacidade de fazer um texto estaria fora do desenvolvimento potencial desse aluno. Com a prática assistida, mais tarde, o aprendizado vai se consolidar e o aluno vai conseguir fazer a frase sozinho (desenvolvimento real). Nesse processo, o aluno vai ampliar seu conhecimento e talvez, com ajuda, consiga elaborar um texto (a textualização já estaria, então, em seu desenvolvimento potencial).
A zona de desenvolvimento proximal (ZDP) é a área entre o que o indivíduo consegue sozinho e o que ele consegue com ajuda; entre o desenvolvimento real e o desenvolvimento potencial. Usando o exemplo acima, podemos dizer que, quando o aluno ainda não aprendeu a fazer uma frase bem formada, não adianta trabalharmos o texto por inteiro e esperarmos um bom resultado, pois o texto, por estar fora do desenvolvimento potencial (ele não conseguiria nem com ajuda), está também fora da ZDP.
A ZDP pode ser também – por extensão de sentido – a diferença entre um aluno menos experiente (A) e um mais experiente (B). É na área dessa diferença que o aluno A vai poder aprender. Ele dificilmente vai aprender mais que o aluno B, num primeiro momento. O aluno B vai consolidar ainda mais seu conhecimento enquanto ensina, o que pode ampliar seu desenvolvimento potencial.
A mediação é a intervenção preferencialmente planejada de uma pessoa mais experiente a fim de ensinar alguém menos experiente.É necessário explicar que, no exemplo acima, o uso de frase e texto é meramente ilustrativo entre habilidades mais simples (construção de frase) e mais complexas (construção do texto). O aprendizado e a passagem da frase para o texto não é tão linear como sugerido no exemplo.

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