segunda-feira, 25 de maio de 2009

Tempo de mudança




ABERTURA DO GESTAR II – IGREJINHA/RS

Primeiro, quero dizer que é uma honra ser professor-formador de Igrejinha. Como já conheço grande parte do grupo, posso dizer que é especialmente importante ser o formador aqui por dois motivos. Primeiro, porque nessa cidade já se pode dizer que a formação continuada é tradição. Todos que trabalham no município estão em constante aperfeiçoamento porque há políticas públicas municipais para isso acontecer. Segundo, porque é um grupo bastante agradável, em que eu encontro muitas das minhas amizades que vão além da simples relação de trabalho. Isso tudo me impõe uma responsabilidade que assusta e me move. Então, antes de comentar a mensagem, que ficou por minha conta, quero agradecer a confiança depositada em mim e declarar a minha grande preocupação em atender às expectativas que sei que existem em torno desse grande projeto do qual todos nós fazemos parte, bem como me sujeitar à avaliação e às críticas que porventura vierem a surgir. Críticas que eu me comprometo a respeitar e que vão me fazer repensar minhas práticas da mesma forma que eu e a Sandra vamos querer que nossas discussões sejam sempre levadas em conta para o planejamento de cada um de vocês.
Mas, então, vamos à mensagem: É clichê falar em mudança para professores, e, em geral, é para nos acusar de estagnação, de ficarmos parados no tempo. Mude suas práticas! Como se nós fizéssemos sempre a mesma coisa. O mundo mudou, mas a escola não mudou com ele… Será?! Mudar, a escola mudou, mas que mudança é essa? Mude a forma de trabalhar com seus alunos: eles vão gostar mais! (?!) Eu, particularmente, acho muito perigoso esse ideal de que tudo precisa ser mudado, de que nada do que se tem feito presta. Mas, lamentavelmente, é isso que parece estar por trás desse discurso de mudança.
Se nos exigem mudança, é porque pressupõem que nós não estamos bem o suficiente. Não vamos ser ingênuos e não enxergar isso. Há uma boa parte da sociedade com uma preocupação e uma dedicação impressionantes de nos desvalorizar. Isso, ridiculamente, é verdade. Isso é ridículo, afinal, é a nossa profissão o que há de mais valioso num país. E se há uma verdade inquestionável é que um país, um estado , um município se desenvolvem apenas se investir em educação.
No entanto, também não vamos ser tolos de achar que não precisamos mudar. Não porque não fazemos direito ou porque não estamos no caminho certo. Nem vamos mudar apagando o que temos feito. Também a mudança não deve ser alienada: vem alguém diz para nós o que devemos fazer e nos diz que esse é o certo e pronto. O Gestar II definitivamente não é isso!
Então, o que é mudar? Por que mudar? Como mudar? O que mudar?
O dicionário Houaiss diz que mudar é “deslocar de posição”. Vamos nos colocar novamente na condição de alunos, inclusive eu e a Sandra (porque aqui somos formadores, mas, ao mesmo tempo, somos alunos do grupo responsável da UnB). Deixar um pouco de lado a segurança de professores para questionar se não há realmente outras formas de encarar a sala de aula na humilde e nobre posição de estudantes. Mudar é também “transferir(-se) para outro local” e vamos nos deslocar para outros lugares, juntos, de preferência. Vamos até o não-espaço ou o todoespaço: a internet. É “dar outra direção a” e isso é fundamental na atividade intelectual que exercemos. Não por estarmos fazendo algo errado, mas porque temos consciência da irrepetibilidade de nossas ações. Enfim, mudar é “arrumar de outro modo; dispor em outra ordem; recombinar”. É o que vamos fazer com nossa atividade profissional. Recombinar nosso conhecimento e nossa prática é consequência necessária do estudo que vamos fazer.
Aliás, isso responde à pergunta “por que mudar?”. Não mudamos porque estamos fracassando, mas mudamos porque somos inteligentes e mudar é sinal de inteligência. Mas não vamos mudar tudo, nem queremos. Então, repito: como mudar? Vamos mudar através do estudo. Vamos estudar muito, e juntos. Eu e a Sandra vamos ter o privilégio de possuir horários para estudar, para preparar um suporte teórico e didático para auxiliar a vocês, enquanto vocês terão o privilégio de ter alguém, com experiência na área, para auxiliar no planejamento e na aplicação de suas práticas.
Como diz a mensagem, então: Mudar a si mesmo para mudar o outro. As coisas acontecem muito rápido. O mundo precisa de nós. E nós não temos limites, nem distâncias. Faça a sua parte. Imaginar, sonhar, desejar, concretizar. Transforme as dificuldades em oportunidades. Semeie. Com ousadia. Estude. Se faça presente. Proteste, mas evolua. Há muita coisa que pode ser mudada, sim. Mas não desista. Lute ainda mais. Domine seus medos.
Só falta agora saber o que vamos mudar. Isso eu também não sei. Só posso dizer que vamos descobrindo isso ao longo do ano, juntos, através de muito estudo, de muito diálogo e de muita negociação, compartilhando experiências, dúvidas, saberes, angústias, leituras e tudo mais que o estudo conjunto exige e proporciona.

Obrigado novamente pela atenção e pela confiança e sucesso a todos.

Cassiano Ricardo Haag

Um comentário:

  1. Cassiano, belo discurso hein?
    gostei especialmente da postura de educador genuíno: você demonstrou qualidades de um verdadeiro pesquisador - humildade , sinceridade e disposição para a busca de novas situações de aprendizagem.
    Parabéns, excelente começo!

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